Quem é O Perico?

Quem é O Perico?

Diretor, Palhaço, Ator e Professor, metido a pesquisador e replicador da técnica de dramaturgia corporal no palhaço, escritor do livro “Perico, Perico Perico – A Arte de Se Conectar”, apaixonado pela vida e pela liberdade de ser quem é… “Um colecionador de sorrisos e instantes”.

Meu nome é Robertt Moretto, nascido em Brasília – DF, mas criado em um pequenina cidade com menos de dois mil habitantes, um pequeno com rodas nos pés até fixar residência em Presidente Prudente interior de São Paulo. Admirador das artes desde criança, leitor assíduo que sonhava com o teatro e cinema. Em 2008, com 18 anos, tive meu primeiro contato com o teatro quando entrei na escola Lugar das Artes em Presidente Prudente. Lá dediquei 3 anos de estudos no curso de teatro participando de mais ou menos 10 obras entre espetáculos e mostras de cenas curtas. Possuo um curriculum com 26 workshops e oficinas tanto nacionais quanto internacionais. Com 21 anos em 2011, passei 01 ano estudando produção teatral em são Paulo – uma questão ainda muito carente na região da minha cidade. De volta a Presidente Prudente, abri uma escola de teatro por 04 anos: ministrava cursos nas cidades da região com a intenção de descentralizar e disseminar o fazer teatral.

O Primeiro contato com a Palhaçaria

Sempre tive amigos palhaços, mas achava uma função muito distante de mim e que não daria conta de fazer. Porém, sempre sentia aquele comichão na barriga quando assistia aos espetáculos de palhaçaria e ficava entusiasmado, com uma vontade enorme de viver a vida como palhaço. Quando chegava em casa, fazia tudo como se fosse palhaço, lava louça, varria a casa, brincava com os cachorros: imaginem só como é que ficava tudo brilhantemente bagunçado.

Durante os 06 primeiros anos foquei na Arte Dramática do Teatro, no entanto, percebia que grande parte dos cursos que fazia fora de minha cidade, esses dos quais exigiam maior empenho de tempo e dinheiro, era sempre com cursos de palhaço.

De 2013 para 2014 conheci uma das grandes Mentoras, Lana Sultani formada na Ecole Philippe Gaulier – França, da qual mantive um treinamento periódico e foi essencial para minha construção como palhaço. Sendo assim, em 2014 resolvi montar meu primeiro espetáculo de palhaço “Amoré” com a Cia de Teatro Vermelho da qual fazia parte e era um dos fundadores. O espetáculo recebeu orientação artística do então Projeto Ademar Guerra pela Secretaria de Cultura do estado de São Paulo e mantivemos um treinamento de 1 ano com Ernani Sanches (jogando no Quintal), este ao qual deixo aqui minha eterna gratidão por este trabalho e seu retorno em um dos maiores momentos da minha vida que explicarei mais a frente. O espetáculo circulou por 03 anos (2014-2016) por diversos festivais incluindo um que fez total diferença em minha carreira o “Euriso, encontro internacional de Palhaços” onde pude conhecer diversos palhaços e famílias circenses que tanto me inspiram até hoje. Com Amoré tive a oportunidade de viver grandes experiências: receber o primeiro “montinho” do público em um bairro rural aonde o teatro e a palhaçaria nunca tinham chegado, apresentar no primeiro asilo e perceber o quão carentes de atenção eram e quanto de companhia eles precisam. Além disso, também todos os prêmios que o grupo recebeu como melhor espetáculo, melhor direção, melhor atriz e atriz coadjuvante, indicação como melhor ator e entre eles, o grande prêmio do Mapa Cultural Paulista como um dos melhores espetáculos do estado de São Paulo pela região de Presidente Prudente.

Quase o fim de um sonho

No final de 2016, a Cia de teatro Vermelho se desfez, junto das duas parceiras de cenas palhaças que já estavam morando em Londrina – PR, para fazer faculdade de artes cênicas, decidimos que ficariam inviáveis, em questão de tempo, as necessidades de ensaio e viagens que o espetáculo demandava.

O suspiro de um Palhaço

Logo em seguida, recebi o convide de José Ricardo Bassani um dos fundadores da Cia Aliteatro para fazer parte do grupo e introduzir a palhaçaria no grupo e eu respondi com NÃO… Acreditem se quiser, mas era uma época conturbada da minha vida, na qual ainda vivia o luto pela Amoré. Em contrapartida, ele foi persistente e depois de poucos meses fez o convite novamente e prontamente respondi que SIM, e ainda briguei com ele e com o outro integrante Luís Souza o porquê que eles não me obrigaram a entrar para o grupo antes…

Em 05 de janeiro de 2017, o grupo se reuniu pela primeira vez para ensaiar um espetáculo, porém faltava um pouco de vivência como palhaço para o grupo, portanto fomos para o “Euriso”, onde pude reencontrar grandes parceiros fazer novas amizades e também vivenciar novas experiências. Lá o grupo fez uma oficina teórica e prática de palhaçaria com o Palhaço Tomate – Argentina, da qual foi excelente para a formulação de uma de nossas técnicas de construção de espetáculo. No regresso voltamos falando o que seria o primeiro espetáculo com a Aliteatro “Os Outros Reservas”, com esse espetáculo pude aprimorar uma das características fundamentais da minha pesquisa “ O jogo a três” na palhaçaria.

Com “Os Outros Reservas” mantivemos um treinamento com a pesquisadora Flávia Bertinelle especialista em máscara que foi fundamental para a base da Cia Aliteatro. Também vivenciamos grandes momentos de glória com diversos Festivais, Editais e muitos Prêmios, entre eles: melhor espetáculo, melhor diretor, melhor ator, melhor ator coadjuvante, melhor palhaço e palhaço coadjuvante, melhor maquiagem e trilha sonora. Foi também com Os Outros Reservas que fizemos nossa primeira rodagem internacional para Rio Ceballos na Argentina, uma experiência fantástica com diferentes reações o imenso carinho que recebemos do público – imaginem vocês, fazer um espetáculo de palhaços jogadores de futebol na Argentina – foi realmente muita audácia da nossa parte, brincar com nossos eternos arquirrivais futebolísticos na casa deles, uma experiência realmente inesquecível.

A identidade do Palhaço

Em 2018, ainda colhendo grandes frutos com Os Outros Reservas, veio o sonho de fazer um espetáculo de máfia palhacística. Daí nasceu “O Poderoso Palhaço”, um trabalho incrível em que realmente nos divertimos muito fazendo o espetáculo. Deste espetáculo surgiu a pesquisa sobre a Arte de se Conectar, no momento em que deixava fluir o verdadeiro palhaço que existe em mim, ou seja, EU mesmo. Percebi que me conectava mais com o público e a partir dessa conexão, se eu respirava em cena, a plateia respirava junto, se me interessava por alguma coisa, ela também se interessava. Ao estabelecer essa conexão, eu criava um instante especial em nossas vidas que ficava marcado com um simples “Famiglia” que eu pronunciava.

O Espetáculo recebeu orientação artística de Thais Povoa – Cia Lona de Retalhos, grande mestre da palhaçaria que trouxe um pouco mais da palhaçaria clássica para o grupo, trabalho este que foi fundamental para mesclarmos com a nossa pesquisa e criar uma identidade única para o grupo e para meu trabalho como pesquisador de palhaçaria. Com o poderoso palhaço, além de todos grandes festivais e prêmios que recebemos, fica aqui o aprendizado mais marcante de todos: o de realmente se divertir em cena. Eu sempre achava que me divertia com os outros espetáculos, porém com o “O Poderoso Palhaço” eu ficava ansioso para entrar em cena, para chegar logo os momentos de êxtase e fazer aquele bagunça típica de uma Famiglia Italiana com o público, correndo pelo meio da plateia, molhando todo mundo em uma incrível guerra de arminhas de água, chorar pela morte do nostro papà pedindo a benção do público e compartilhando como é um pouco da nostra famiglia.

O maior desafio da carreira

Em 2020, ah! bendito 2020, como se não bastasse todas as loucuras decidi fazer um espetáculo solo. Comecei a pesquisa no final de 2019 e ensaiava dia e noite todos os dias, e em dois meses eu estava com o espetáculo “pronto” (na verdade estava totalmente cru) e mais incrível ainda eu iria estrear em abril na China! Sim na China, meu irmão Ronald Moretto, mora há 9 anos lá e ajudou a fazer a intermediação com alguns locais, porém veio a pandemia da Covid-19 e tudo teve que ser cancelado, no final das contas foi até bom para o espetáculo e tive tempo para aprimorar alguns detalhes.

A Centelha Perico

O Espetáculo Perico teve sua centelha desperta após uma vivência no FLIV 2019 – Festival Literário de Votuporanga, onde durante uma das apresentações, houve uma tempestade (chuva intensa, acrescida de ventos que chegaram à 80km/hora) causando desabamento de 2 galpões ao lado e parcialmente o nosso que no momento havia aproximadamente 560 crianças. Nesse contexto, eu e meus companheiros da cia Aliteatro tivemos que interromper as atividades de interação e receptivo ofertado às crianças da rede pública e privada de ensino de Votuporanga, onde, mediante a tormenta, fez-se necessária outra postura para garantir a segurança das crianças, e todos que se faziam presentes naquele momento. Imediatamente assumi a responsabilidade e informei que também era Bombeiro Militar (para sua surpresa, caro leitor haha!) assim, organizei o sinistro, informei o que seria feito, acionei reforços operacionais, solicitei que chamassem os motoristas de ônibus que viessem com seus veículos até o local. Consegui organizar as filas para que ninguém se perdesse e fossem salvos a tempo – e pronto lá estavam as crianças indo embora seguras para os braços de seus pais, passado o momento de tensão eu ficava me coçando pensando a respeito de tudo o que aconteceu, imagem vocês os palhaços com seus sapatos gigantes, roupas “mafiosisticamente” espalhafatosas (estávamos fazendo intervenção do Poderoso Palhaço) armas de água na cintura, carregando 03, às vezes 04 crianças pelos braços, costas e pernas correndo até os ônibus, às vezes tendo que segurar as crianças para não serem carregadas pelo vento. No final, com todos mais calmos, lembro que uma das crianças que estava protegida atrás de uma cobertura disse que ela não tinha se molhado, prontamente meu parceiro de cena José Ricardo pegou sua bazuca de água e começou a molhar a criança, todos riram, até mesmo aquelas crianças que estavam chorando ou aquele mais assustado veio a esquecer que seja por um momento de toda a tragédia vivida e dar uma gargalhada. Em meio a todo caos, o palhaço conseguiu fazer o seu papel de acalentar aqueles que necessitavam de mais alegria em sua vida.

Tendo experenciado tal situação, isto me inquietou e incitou na análise destas duas figuras a qual tenho total apreço e admiração, o Bombeiro e o Palhaço, ali começava a germinar a semente Perico.

O reencontro com o Mestre,

Novamente consegui receber orientação do Programa de Qualificação em Artes da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e para minha surpresa foi agraciado com a orientação de Ernani Sanches, profissional que tenho um carinho e admiração incrível e que já havia trabalhado no projeto “Amoré”. Trabalhamos por mais 7 meses até o espetáculo estar “pronto” (espetáculo de palhaço nunca vai estra pronto, sempre vamos improvisar com o público).

A estreia

E então no dia 02 de dezembro de 2020 Perico estreava no Teatro Paulo Roberto Lisboa em Presidente Prudente, levando risos e alegrias e fazendo meu estômago girar de tanta euforia.

Continua em 2021…

Quem é O Perico?

Quem é O Perico?

Diretor, Palhaço, Ator e Professor, metido a pesquisador e replicador da técnica de dramaturgia corporal no palhaço, escritor do livro “Perico, Perico Perico – A Arte de Se Conectar”, apaixonado pela vida e pela liberdade de ser quem é… “Um colecionador de sorrisos e instantes”.

Meu nome é Robertt Moretto, nascido em Brasília – DF, mas criado em um pequenina cidade com menos de dois mil habitantes, um pequeno com rodas nos pés até fixar residência em Presidente Prudente interior de São Paulo. Admirador das artes desde criança, leitor assíduo que sonhava com o teatro e cinema. Em 2008, com 18 anos, tive meu primeiro contato com o teatro quando entrei na escola Lugar das Artes em Presidente Prudente. Lá dediquei 3 anos de estudos no curso de teatro participando de mais ou menos 10 obras entre espetáculos e mostras de cenas curtas. Possuo um curriculum com 26 workshops e oficinas tanto nacionais quanto internacionais. Com 21 anos em 2011, passei 01 ano estudando produção teatral em são Paulo – uma questão ainda muito carente na região da minha cidade. De volta a Presidente Prudente, abri uma escola de teatro por 04 anos: ministrava cursos nas cidades da região com a intenção de descentralizar e disseminar o fazer teatral.

O Primeiro contato com a Palhaçaria

Sempre tive amigos palhaços, mas achava uma função muito distante de mim e que não daria conta de fazer. Porém, sempre sentia aquele comichão na barriga quando assistia aos espetáculos de palhaçaria e ficava entusiasmado, com uma vontade enorme de viver a vida como palhaço. Quando chegava em casa, fazia tudo como se fosse palhaço, lava louça, varria a casa, brincava com os cachorros: imaginem só como é que ficava tudo brilhantemente bagunçado.

Durante os 06 primeiros anos foquei na Arte Dramática do Teatro, no entanto, percebia que grande parte dos cursos que fazia fora de minha cidade, esses dos quais exigiam maior empenho de tempo e dinheiro, era sempre com cursos de palhaço.

De 2013 para 2014 conheci uma das grandes Mentoras, Lana Sultani formada na Ecole Philippe Gaulier – França, da qual mantive um treinamento periódico e foi essencial para minha construção como palhaço. Sendo assim, em 2014 resolvi montar meu primeiro espetáculo de palhaço “Amoré” com a Cia de Teatro Vermelho da qual fazia parte e era um dos fundadores. O espetáculo recebeu orientação artística do então Projeto Ademar Guerra pela Secretaria de Cultura do estado de São Paulo e mantivemos um treinamento de 1 ano com Ernani Sanches (jogando no Quintal), este ao qual deixo aqui minha eterna gratidão por este trabalho e seu retorno em um dos maiores momentos da minha vida que explicarei mais a frente. O espetáculo circulou por 03 anos (2014-2016) por diversos festivais incluindo um que fez total diferença em minha carreira o “Euriso, encontro internacional de Palhaços” onde pude conhecer diversos palhaços e famílias circenses que tanto me inspiram até hoje. Com Amoré tive a oportunidade de viver grandes experiências: receber o primeiro “montinho” do público em um bairro rural aonde o teatro e a palhaçaria nunca tinham chegado, apresentar no primeiro asilo e perceber o quão carentes de atenção eram e quanto de companhia eles precisam. Além disso, também todos os prêmios que o grupo recebeu como melhor espetáculo, melhor direção, melhor atriz e atriz coadjuvante, indicação como melhor ator e entre eles, o grande prêmio do Mapa Cultural Paulista como um dos melhores espetáculos do estado de São Paulo pela região de Presidente Prudente.

Quase o fim de um sonho

No final de 2016, a Cia de teatro Vermelho se desfez, junto das duas parceiras de cenas palhaças que já estavam morando em Londrina – PR, para fazer faculdade de artes cênicas, decidimos que ficariam inviáveis, em questão de tempo, as necessidades de ensaio e viagens que o espetáculo demandava.

O suspiro de um Palhaço

Logo em seguida, recebi o convide de José Ricardo Bassani um dos fundadores da Cia Aliteatro para fazer parte do grupo e introduzir a palhaçaria no grupo e eu respondi com NÃO… Acreditem se quiser, mas era uma época conturbada da minha vida, na qual ainda vivia o luto pela Amoré. Em contrapartida, ele foi persistente e depois de poucos meses fez o convite novamente e prontamente respondi que SIM, e ainda briguei com ele e com o outro integrante Luís Souza o porquê que eles não me obrigaram a entrar para o grupo antes…

Em 05 de janeiro de 2017, o grupo se reuniu pela primeira vez para ensaiar um espetáculo, porém faltava um pouco de vivência como palhaço para o grupo, portanto fomos para o “Euriso”, onde pude reencontrar grandes parceiros fazer novas amizades e também vivenciar novas experiências. Lá o grupo fez uma oficina teórica e prática de palhaçaria com o Palhaço Tomate – Argentina, da qual foi excelente para a formulação de uma de nossas técnicas de construção de espetáculo. No regresso voltamos falando o que seria o primeiro espetáculo com a Aliteatro “Os Outros Reservas”, com esse espetáculo pude aprimorar uma das características fundamentais da minha pesquisa “ O jogo a três” na palhaçaria.

Com “Os Outros Reservas” mantivemos um treinamento com a pesquisadora Flávia Bertinelle especialista em máscara que foi fundamental para a base da Cia Aliteatro. Também vivenciamos grandes momentos de glória com diversos Festivais, Editais e muitos Prêmios, entre eles: melhor espetáculo, melhor diretor, melhor ator, melhor ator coadjuvante, melhor palhaço e palhaço coadjuvante, melhor maquiagem e trilha sonora. Foi também com Os Outros Reservas que fizemos nossa primeira rodagem internacional para Rio Ceballos na Argentina, uma experiência fantástica com diferentes reações o imenso carinho que recebemos do público – imaginem vocês, fazer um espetáculo de palhaços jogadores de futebol na Argentina – foi realmente muita audácia da nossa parte, brincar com nossos eternos arquirrivais futebolísticos na casa deles, uma experiência realmente inesquecível.

A identidade do Palhaço

Em 2018, ainda colhendo grandes frutos com Os Outros Reservas, veio o sonho de fazer um espetáculo de máfia palhacística. Daí nasceu “O Poderoso Palhaço”, um trabalho incrível em que realmente nos divertimos muito fazendo o espetáculo. Deste espetáculo surgiu a pesquisa sobre a Arte de se Conectar, no momento em que deixava fluir o verdadeiro palhaço que existe em mim, ou seja, EU mesmo. Percebi que me conectava mais com o público e a partir dessa conexão, se eu respirava em cena, a plateia respirava junto, se me interessava por alguma coisa, ela também se interessava. Ao estabelecer essa conexão, eu criava um instante especial em nossas vidas que ficava marcado com um simples “Famiglia” que eu pronunciava.

O Espetáculo recebeu orientação artística de Thais Povoa – Cia Lona de Retalhos, grande mestre da palhaçaria que trouxe um pouco mais da palhaçaria clássica para o grupo, trabalho este que foi fundamental para mesclarmos com a nossa pesquisa e criar uma identidade única para o grupo e para meu trabalho como pesquisador de palhaçaria. Com o poderoso palhaço, além de todos grandes festivais e prêmios que recebemos, fica aqui o aprendizado mais marcante de todos: o de realmente se divertir em cena. Eu sempre achava que me divertia com os outros espetáculos, porém com o “O Poderoso Palhaço” eu ficava ansioso para entrar em cena, para chegar logo os momentos de êxtase e fazer aquele bagunça típica de uma Famiglia Italiana com o público, correndo pelo meio da plateia, molhando todo mundo em uma incrível guerra de arminhas de água, chorar pela morte do nostro papà pedindo a benção do público e compartilhando como é um pouco da nostra famiglia.

O maior desafio da carreira

Em 2020, ah! bendito 2020, como se não bastasse todas as loucuras decidi fazer um espetáculo solo. Comecei a pesquisa no final de 2019 e ensaiava dia e noite todos os dias, e em dois meses eu estava com o espetáculo “pronto” (na verdade estava totalmente cru) e mais incrível ainda eu iria estrear em abril na China! Sim na China, meu irmão Ronald Moretto, mora há 9 anos lá e ajudou a fazer a intermediação com alguns locais, porém veio a pandemia da Covid-19 e tudo teve que ser cancelado, no final das contas foi até bom para o espetáculo e tive tempo para aprimorar alguns detalhes.

A Centelha Perico

O Espetáculo Perico teve sua centelha desperta após uma vivência no FLIV 2019 – Festival Literário de Votuporanga, onde durante uma das apresentações, houve uma tempestade (chuva intensa, acrescida de ventos que chegaram à 80km/hora) causando desabamento de 2 galpões ao lado e parcialmente o nosso que no momento havia aproximadamente 560 crianças. Nesse contexto, eu e meus companheiros da cia Aliteatro tivemos que interromper as atividades de interação e receptivo ofertado às crianças da rede pública e privada de ensino de Votuporanga, onde, mediante a tormenta, fez-se necessária outra postura para garantir a segurança das crianças, e todos que se faziam presentes naquele momento. Imediatamente assumi a responsabilidade e informei que também era Bombeiro Militar (para sua surpresa, caro leitor haha!) assim, organizei o sinistro, informei o que seria feito, acionei reforços operacionais, solicitei que chamassem os motoristas de ônibus que viessem com seus veículos até o local. Consegui organizar as filas para que ninguém se perdesse e fossem salvos a tempo – e pronto lá estavam as crianças indo embora seguras para os braços de seus pais, passado o momento de tensão eu ficava me coçando pensando a respeito de tudo o que aconteceu, imagem vocês os palhaços com seus sapatos gigantes, roupas “mafiosisticamente” espalhafatosas (estávamos fazendo intervenção do Poderoso Palhaço) armas de água na cintura, carregando 03, às vezes 04 crianças pelos braços, costas e pernas correndo até os ônibus, às vezes tendo que segurar as crianças para não serem carregadas pelo vento. No final, com todos mais calmos, lembro que uma das crianças que estava protegida atrás de uma cobertura disse que ela não tinha se molhado, prontamente meu parceiro de cena José Ricardo pegou sua bazuca de água e começou a molhar a criança, todos riram, até mesmo aquelas crianças que estavam chorando ou aquele mais assustado veio a esquecer que seja por um momento de toda a tragédia vivida e dar uma gargalhada. Em meio a todo caos, o palhaço conseguiu fazer o seu papel de acalentar aqueles que necessitavam de mais alegria em sua vida.

Tendo experenciado tal situação, isto me inquietou e incitou na análise destas duas figuras a qual tenho total apreço e admiração, o Bombeiro e o Palhaço, ali começava a germinar a semente Perico.

O reencontro com o Mestre,

Novamente consegui receber orientação do Programa de Qualificação em Artes da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e para minha surpresa foi agraciado com a orientação de Ernani Sanches, profissional que tenho um carinho e admiração incrível e que já havia trabalhado no projeto “Amoré”. Trabalhamos por mais 7 meses até o espetáculo estar “pronto” (espetáculo de palhaço nunca vai estra pronto, sempre vamos improvisar com o público).

A estreia

E então no dia 02 de dezembro de 2020 Perico estreava no Teatro Paulo Roberto Lisboa em Presidente Prudente, levando risos e alegrias e fazendo meu estômago girar de tanta euforia.

Continua em 2021…